terça-feira, 15 de novembro de 2016

O fantástico mundo do onanismo e da perversão cultural/ Uma interface entre punheta e crítica ao sistema

Para os meninos trata-se de jogar cinco contra um, descabelar o palhaço, tocar uma bronha, bater punheta. Para as meninas é siririca, arranhar o disco, tocar contrabaixo... É cada analogia que surge! Como qualquer ato de natureza libidinosa, a masturbação também carrega uma extensa lista de sinônimos pouco elogiosos. Onanismo para os mais eruditos, ou punheta num linguajar mais chulo, a autoexcitação das genitais é a mais democrática e simples forma de se obter prazer venéreo nesse mundo. Mas será que estamos tratando de algo simples? Por entre piadas e duplas conotações um mundo de considerações pede passagem. Vamos às polêmicas.
A revolução sexual de décadas atrás transformou os comportamentos da juventude, e, muito embora qualquer revistinha teen aborde o assunto com objetividade e as escolas mesmas tratem da sexualidade como elemento natural da vida, em muitos círculos e cabeças o tema continua sendo tabu.
Fui conversar com amigas e amigos pra escrever esse artigo e pude constatar isso em muitas falas. Os mais religiosos temem a tentação do ato pecaminoso. Pode ser coisa do diabo. Os mais descolados de motivações transcendentais dizem tratar do assunto sem preconceitos e com naturalidade, mas as controvérsias inerentes ao assunto vão surgindo nos detalhes e ganhando contornos de fantasmas entranhados na cultura, de concepções de mundo que espelham no exercício da sexualidade auto-afirmações e estereótipos sociais, num jogo perverso de poder, regulando estima e autoestima.
Há quem veja a masturbação como liberdade do sujeito, que pode se dar ao luxo de abdicar de um companheiro para, sozinho, resolver a demanda instintiva de sua libido. E há quem pense na auto-excitação como extensão natural do desempenho sexual. Isso eu pude notar na fala de um amigo, que contou que entre homens se sente coagido a dizer que se masturba, para, segundo seu argumento, não ser tido como "viado".
Resultado de imagem para Marcuse, imagensQuer dizer, o sujeito, pra poder conviver em boa ordem com o meio e com a própria consciência, tem de fazer espécies de malabarismos conceituais. Uma coisa é o que genuinamente deseja, mas pode não aer viável bancar o desejo e a auto- repressão toma espaço. Outra coisa é o papel a representar socialmente, a depender do contexto e muitas vezes variando comportamentos ao sabor da ocasião e tendo de renunciar a própria vontade para não se ver em situação embaraçosa perante o grupo.
Mas, enfim, a masturbação mental é estrutural nessa merda de sistema. Tal como o ato aqui em questão, infrutífero em termos de utilização e objetivo dos fluidos corporais, pelo menos do ponto de vista biológico da coisa, a cultura ocidental contemporânea é feita de desperdício absurdo de potencialidades. E isso em função da mediocridade estabelecida. Lógica utilitarista o nome disso. Subtrai-se a atividade criativa de Eros em favor de um princípio de desempenho sujeito à dinâmica opressora do capital. Marcuse em Eros e Civilização trata disso. Eu falo de punheta. Leiam o Marcuse.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

OCUPA TUDO!

Ontem visitei a ocupação do IFSP (Instituto Federal de São Paulo), a antiga escola técnica federal, por onde tive a felicidade de passar como aluno no primeiro semestre de 2007, no curso de licenciatura em geografia. O curso não era bem o que eu queria e saí na metade daquele ano. Voltei pro cursinho e fui prestar outros vestibulares.
O IFSP fica perto de casa e fiz questão de fazer uma visita à ocupação dos estudantes. E fiquei muito contente em encontrar a molecadinha secundarista, junto a estudantes de cursos técnicos e graduação, num movimento extremamente politizado, consciente, em busca de seus direitos, mas também em busca do direito das próximas gerações, de quem ainda vai passar por ali e por outras instituições públicas e que merece ter seus direitos garantidos.
Se esse governo, que mais merece ser chamado de desgoverno, quer passar uma PEC tão violenta e tão injusta, então que a juventude protagonize a luta. E a luta é assim mesmo, passa por manifestações, piquetes, por greves e ocupações. A pauta é absolutamente legítima e os métodos de ação direta, como os utilizados até o momento, são manifestações AUTÊNTICAS! Diga-se de passagem, são manifestações garantidas aos cidadãos, garantidas constitucionalmente. Ninguém está fazendo baderna, ninguém está criando desordem. E mesmo que estivessem, seriam manifestações legítimas de uma juventude indignada de ser usurpada em seus direitos por um governo golpista e ilegítimo, a serviço das grandes corporações e do mercado financeiro. Repito, toda ocupação é legítima
Oxalá essas ocupações se alastrem mais ainda país afora. Até porque a conjuntura é delicada para os movimentos de luta, num momento de acirramento ideológico, em que os fascistoides põem as asinhas de fora, vomitando desaforos, se esgoelando pra defender a livre iniciativa da economia e o cerceamento a direitos sociais básicos. Pensam que é o fim da história, como disse Boulos em sua última coluna, que a esquerda está destroçada e inerte. Muito se enganam. É agora que a resistência surgirá robusta e vigorosa. É ingenuidade e burrice pensar que nenhuma resistência surgiria de tamanha desfaçatez por parte do grande capital e de seus lacaios no planalto central.
Agora a mídia golpista e vendida vai fazer o maior alarde pra queimar os movimentos de ocupação. Vão chamá-los de maconheiros, de desocupados, vão dizer que estão atrapalhando quem quer estudar e fazer o enem, etc… Típico do discurso coxinha. Como se os estudantes não pudessem perder algumas semanas de aula mas pudessem aceitar passivamente um brutal corte de recursos. É a educação pública que está em jogo. É a creche das crianças, a faculdade dos jovens… E quando as condições, que já são dramáticas, perigam de piorar, é chegado o momento de radicalizar e resistir. Como trabalhadores que fazem greve, barricadas, que às vezes chegam a paralisar setores imprescindíveis, mas que o fazem por motivações significativas, por causas que envolvem relevância social, assim os estudantes ocupam suas escolas e centros universitários.
Que a estudantada ocupe tudo! Como eles dizem, que ocupem geral!
Rumo à greve geral! E viva a unidade operário-estudantil!

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