POR MÁRIO MEDINA
O
Brasil vai mesmo de mal a pior. Domingo foi a vez do PMDB levar a
presidência da câmara e do senado. Temos o congresso mais conservador
desde 64, com direito a bancada ruralista, bancada evangélica, bancada
da bala, etc... E um novo presidente da câmara que é declaradamente
contra a regulação da mídia e se posiciona a favor do financiamento
privado de campanha.
Ou seja, o congresso mais reacionário
de todos os tempos elegeu um legítimo representante da retrógrada elite
brasileira, um sujeito que vai jogar pesado contra as poucas medidas
progressistas que Dilma e o PT poderiam implementar.
Isso
se Dilma continuar no poder, porque é bem capaz que esse mesmo congresso
leve a cabo um processo de impeachment contra a mesma. Descontentes com
o espaço perdido no primeiro escalão dessa gestão, os caciques
peemedebistas mostram descontentamento suficiente pra isso. São capazes
de qualquer coisa pelo poder.
Dilma tem dado os anéis pra
não perder os dedos, distribuindo ministérios de grande envergadura aos
mais legítimos representantes dos interesses das elites. Foi Kassab nas
Cidades, Kátia Abreu na Agricultura, Joaquim Levy na fazenda, etc...
Difícil
acomodar todo mundo. Tem uma fração considerável da burguesia e das
oligarquias que está insatisfeita. O PSDB bancou a eleição de Eduardo
Cunha no congresso. Dilma não foi capaz de sustentar sua base. A cpi da
Petrobrás deve sair em pouco tempo, a despeito do próprio Cunha ter sido
citado na operação Lava Jato da polícia federal.
O
caminho para o impeachment começa a ser pavimentado. O imperialismo
ianque queria Aécio, a grande mídia corporativa também, o sistema
financeiro idem. Grande parte da classe média estava convencida de que
deveria romper esperanças com o PT e aderir ao discurso meritocrático e
tacanho dos tucanos.
Dizem que a direita está em crise...
Ledo engano. A direita está nadando de braçadas. Quem está em crise é a
esquerda. Existe uma tremenda crise de direção. O PT, que sucumbiu ao
regime e agora serve de testa de ferro pras oligarquias e pra burguesia
exportadora de comodities, é o mesmo PT que consegue ter uma tremenda
base popular, com sindicalistas pelegos que manipulam as massas.
A
esquerda revolucionária não tem encontrado espaço pra crescer. A duras
penas alguns movimentos mais progressistas rompem parcialmente à
esquerda. Mas com tanta maldade desferida por Dilma nos pacotes de
austeridade, com cortes nos direitos trabalhistas, a muito custo esse
governo teria base popular que o sustentasse diante dos golpes da
direita.
O PT optou pela traição de classe para ser
governo. Mas a elite brasileira só parcialmente e temporariamente optou
pelo PT. Bom lembrar que o PT chegou ao governo depois de oito anos de
privatizações. Só o PT servia para frear o ascenso das massas e dar
fôlego à um sistema de desigualdades.
Dilma, agora,
defende e banca o aumento dos juros, defende e banca o que chama de
''concessões'' nas rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos.
Já rifou o pré-sal; empossou a chapa ministerial mais abjeta da história do novo
período democrático brasileiro... Quero ver ela ter coragem de convocar
o povo às ruas quando os imbecis do parlamento investirem mais
fortemente contra ela...
Boa análise, companheiro! E vamos à luta, pois a direita não dorme!
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