Bem-aventurados os que não se acostumaram à injustiça,
porque sua inquietação é sinal de vida.
Bem-aventurados os que duvidam do mundo como ele é,
porque não confundiram ordem com destino.
Bem-aventurados os que erram tentando amar,
porque não fizeram da prudência um álibi para a omissão.
Bem-aventurados os que carregam perguntas sem resposta,
porque recusaram a paz duvidosa das certezas fáceis.
Bem-aventurados os que perdem tempo com os pequenos,
porque compreenderam onde o Reino começa.
Bem-aventurados os que repartem quando falta,
porque já romperam com a lógica do medo.
Bem-aventurados os que se indignam sem se tornarem cínicos,
porque guardaram o espanto diante da dor alheia.
Bem-aventurados os que caminham devagar em um mundo apressado,
porque ouviram vozes que o ruído não deixa passar.
Bem-aventurados os que caem e se levantam sem serem vistos,
porque aprenderam que a fidelidade não precisa de testemunhas.
Bem-aventurados os que são esquecidos pela história,
porque sua memória repousa onde não há esquecimento.
Bem-aventurados os que não venceram,
porque ainda sabem distinguir vitória de justiça.
Bem-aventurados os que seguem sem garantias,
porque escolheram o amor como caminho
e a justiça como horizonte.

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