sábado, 13 de dezembro de 2025

Uma continuação para o sermão das bem-aventuranças


Bem-aventurados os que não se acostumaram à injustiça,

porque sua inquietação é sinal de vida.


Bem-aventurados os que duvidam do mundo como ele é,

porque não confundiram ordem com destino.


Bem-aventurados os que erram tentando amar,

porque não fizeram da prudência um álibi para a omissão.


Bem-aventurados os que carregam perguntas sem resposta,

porque recusaram a paz duvidosa das certezas fáceis.


Bem-aventurados os que perdem tempo com os pequenos,

porque compreenderam onde o Reino começa.


Bem-aventurados os que repartem quando falta,

porque já romperam com a lógica do medo.


Bem-aventurados os que se indignam sem se tornarem cínicos,

porque guardaram o espanto diante da dor alheia.


Bem-aventurados os que caminham devagar em um mundo apressado,

porque ouviram vozes que o ruído não deixa passar.


Bem-aventurados os que caem e se levantam sem serem vistos,

porque aprenderam que a fidelidade não precisa de testemunhas.


Bem-aventurados os que são esquecidos pela história,

porque sua memória repousa onde não há esquecimento.


Bem-aventurados os que não venceram,

porque ainda sabem distinguir vitória de justiça.


Bem-aventurados os que seguem sem garantias,

porque escolheram o amor como caminho 

e a justiça como horizonte.









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