segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Dando nome aos bois... / Quem é o rebanho do Bozo



O bolsonarismo tá criando um público cativo. Uma parcela da sociedade que não tá nem aí com nada. É só ideologia de ódio, puro irracionalismo reacionário.

Haja o que houver, o bolsonarismo quer garantir seu filão e continuar desfrutando das benesses do foro privilegiado e das rachadinhas. Bolsonaro apesar de burro é muito malandro. Ele sabe o que tá fazendo. Tá depurando o seu movimento pra reinar sozinho com os filhos. Pode cair da presidência amanhã, mas vai sair com um garantido eleitorado de gente que baba ódio contra a civilização e o razoável.

O monstro ideológico do neoliberalismo de crise é esse entulho neofascista. É puro ressentimento e espírito de barbárie. Anti intelectualismo, despolitização, ignorância, perversidade, fanatismo religioso, delírio paranóico, misoginia, sexualidade mal resolvida, etc, etc. É a psicologia do fascismo, do nazismo, com contornos próprios desse atual período histórico, claro, mas que remete a tudo de ruim e perigoso que a história da humanidade já observou e que sabemos bem onde pode dar.

Pois bem, no Brasil essa cultura se recria e dá indícios de se estabelecer, senão hegemônica, (afinal nosso povo em sua maioria não anda tão mal da cabeça) captando ao menos uma parcela de 15 a 20% da população, com as seitas neopentecostais na vanguarda desse crime ideológico de sequestrar a consciência e o espírito crítico de cidadãos incautos e baratinados pelo caos das condições gerais de vida, ou simplesmente arregimentando e dando guarida a elementos fascistoides das classes médias.

Pesquisas da sociologia dão mostras de diversos subgrupos desse emaranhado de fascismo comum. E é interessante observar pra notar o arco de alianças políticas que são entabuladas pra efetivar a organização dessa doutrina da destruição. Militares, maçonaria, sionismo, Estados Unidos, capital financeiro, Steve Bannon, movimentos católicos ultra conservadores, etc.

Estão gestando o ovo da serpente em troca de favores políticos do clã Bolsonaro. Tudo isso é criminoso e merece ser sistematicamente denunciado.

É esse tipo de gente que na prática conspira contra o progresso e o bem estar do nosso povo. É esse tipo de gente que garante agora a dilapidação do nosso patrimônio e da nossa soberania, da destruição dos direitos trabalhistas e dos programas sociais. É esse tipo de gente que agora ajuda o governo a tirar comida da mesa dos trabalhadores para garantir a farra dos grandes capitalistas.

E é esse tipo de gente que dá ao Bolsonaro, às milícias e aos demais criminosos em torno desse pessoal a condição de continuar a mamar nas tetas do estado. Um bando de picaretas que devia estar atrás das grades e que está liberado pra fazer política. Essa é a triste situação do Brasil.



                   
                                 

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Dois papas

Dois Papas, aclamado filme de Fernando Meireles. Um filme muito bom, muito bem feito. Esse Meireles é excelente diretor. Hopkins no papel de Bento XVI é magisttral.

Importante dizer que se trata de um longa ficcional, com algumas passagens que se fundem com a realidade. Excelente caracterização das personagens. Daria pra se fazer um Bento XVI mais afável. Mas dá pra entender que a rispidez de Bento em alguns momentos se tratou justamente de um recurso de caracterização, pra contrapor com a simpatia e popularidade de Francisco.

O filme trata exatamente das diferenças de personalidade e visões de mundo entre um papa e outro.
O ponto forte do filme, na minha opinião, foi a mudança do Bergolio jovem para o Bergolio maduro. Ele passa de um homem conservador com tendências autoritárias a um homem abertamente progressista e compreensivo.

Me lembrei de uma frase que o mestre Júlio Lancellotti sempre fala em suas pregações: "Quem ama muda".
O amor e a ternura são duas características imprescindíveis ao seguidor de Cristo. São características do próprio Cristo, e que devem se perpetuar na comunidade cristã, e que devem nortear nosso discernimento da história.

Bergolio se reiventou à medida que fez uma profunda experiência de humanização. Poderia ter optado pela estagnação e paralisia espiritual dos ressentidos; mas viu no sofrimento do outro o próprio Cristo que o chamava à reconciliação amorosa consigo mesmo e com Deus.

E quem ama muda. Quem segue os passos do Mestre, deixa de pensar pela lógica estanque farisaica e abraça a dinâmica natural da misericórdia. E quem faz isso faz história. Muda as estruturas, balança o edifício das velhas certezas.

E como diz no filme, Jesus não veio tomar chazinho com os poderosos desse mundo. Jesus veio viver no meio dos pobres. Francisco sabe disso.

Fernando Meireles captou com sensibilidade e acuidade intelectual o espírito de Francisco. E usou sua lente e criatividade pra tecer uma composição estéticamente muito aprazível. Quem não assistiu, procure assistir.