quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Justiça para o `` caso Irmã Dorothy ``

 publicado no blog do Núcleo Dorothy Stang, nessa data aí abaixo... 


domingo, 18 de novembro de 2012





No início do mês de Novembro o STF expediu uma ordem de soltura para o mandante do assassinato de Irmã Dorothy, missionária e mártir de grande relevância e testemunho para a igreja do Brasil no último período.
Americana, Irmã Dorothy Stang veio para o Brasil e foi morar no interior do Pará, onde trabalhou por mais de trinta anos junto aos camponeses pobres e proletários da terra, defendendo-os da violência e da ganância dos latifundiários e seus jagunços.
Imbuída de fervor missionário, animada em sua fé no Cristo, Irmã Dorothy abandonou família e oportunidades em seu país de origem, um país rico, diga-se de passagem, pra se estabelecer em um país de terceiro mundo, numa região de muitos pobres e muitas lutas sociais. Assumiu a luta do povo por seus direitos e por justiça e foi morta vítima de jagunços que serviam ao interesse de uma camarilha de poderosos que exploram e oprimem o povo pobre da floresta.
Irmã Dorothy reivindicava vida digna para os trabalhadores da região, que eram permanentemente assediados pelos vis interesses de uma pequena parcela de gente desumana que queria a todo custo desmatar a floresta. E por isso morreu. E, com toda razão, tem sido lembrada pelos lutadores sociais e militantes dos direitos humanos como um dos grandes símbolos da luta por terra e justiça social no Brasil.
Esta santa mulher era vítima constante de ameaças e, marcada pra morrer, não retrocedeu ou se ausentou. Muito pelo contrário. Jamais se calou diante das atrocidades cometidas pelos latifundiários e defendia veementemente o direito dos camponeses pobres se armarem e fazerem sua auto-defesa.
Morreu com sua bíblia em mãos, falando da Palavra aos seus executores, que não se apiedaram da religiosa já idosa. Irmã Dorothy foi mártir de uma causa muito nobre, e é exemplo de seguimento incondicional ao Cristo, no amor aos irmãos e na evangélica opção preferencial pelos pobres e marginalizados.


Poucos anos depois de sua execução, o mandante de seu assassinato é solto a mando da mais alta corte de magistrados do país, o que revela a mentira do aparente estado democrático de direito tão apregoado pelas instituições burguesas. Por que tanta gente amontoada nas prisões por pequenos crimes enquanto um assassino está solto? A verdade é que neste país, ou melhor, neste sistema, não existe justiça para os pobres e desvalidos, e sim para os ricos e poderosos, que mandam e desmandam e contam com a negligência das autoridades e do estado.
Irmã Dorothy, como muitos outros mártires do campo ou das cidades, é mais uma vítima do sistema viciado de poder em que vivemos. Enquanto uma pequena parcela é beneficiada por ser detentora de propriedades e vultosos recursos, a maioria esmagadora amarga a pobreza, a miséria e até mesmo a extrema miséria.
Num país de tantas riquezas naturais como o Brasil, o contraste entre ricos e pobres é assustador. Somos um dos países com maior PIB do mundo, todavia temos um IDH vergonhoso e uma das maiores concentrações de renda do mundo.
Daí o caos social em que vivemos. Desses enormes contrastes surgem as contradições. O povo do campo não tem acesso à terra. Os trabalhadores da cidade não tem salário digno. As pessoas padecem a falta de uma infraestrutura razoável para a educação e a saúde, não tem acesso ao lazer e a cultura.
O povo é ludibriado pelos politiqueiros de plantão ano sim, ano não; vítima das falsas promessas e das mentiras deslavadas das campanhas eleitorais. O povo mais carente é vitimado pelo assistencialismo que aliena e protela uma mudança que garanta efetiva qualidade de vida pras pessoas. Sobretudo Norte e Nordeste são extensos currais eleitorais onde a miséria é condição sine qua non para a manutenção do regime político vigente.
Irmã Dorothy se opôs deliberadamente a esse sistema cruel e desumano. Como ela, muita gente morre todos os anos vítima da repressão. O ``caso Irmã Dorothy`` ganhou repercussão e projeção na mídia por se tratar de uma freira americana. Mas, como ela, muitos outros anônimos são mortos por lutarem por justiça.
O Núcleo Jovem Dorothy Stang repudia a atitude patética do STF e exige punição aos assassinos de Dorothy Stang. Reafirmamos a luta de Irmã Dorothy e saudamos sua memória lutando com nossa juventude e disposição por uma nova ordem, por um país e por um mundo onde não haja injustiça, mas fraternidade e solidariedade entre as pessoas e os povos, um mundo de igualdade e amor.          
Por: Mário Medina
                                                                                NJDS / Núcleo Jovem Dorothy Stang
                                                                                Novembro de 201

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