Quem está por detrás disso, levantando entre coxinhas a bandeira do Fora Temer e de novas eleições, sabe bem o que deseja colocar no lugar. Outra ingenuidade era pensar que o golpismo conformava um grupo homogêneo em torno a Temer, e que não houvessem disputas pelo poder entre a turma que deu o golpe no primeiro semestre.
Por falar em ingenuidades, outra delas seria acreditar na boa vontade dos procuradores do ministério público federal, que foram à mídia se fazer de coitadinhos após o congresso incluir a possibilidade de punição a magistrados em casos de excessos e perseguições.
O imbróglio não é de hoje, e vem na esteira de uma disputa intestina entre os poderes da república. Judiciário e legislativo, a despeito do complô criado em torno do golpe que ascendeu Temer à cadeira de presidente, andam em pé de guerra pra ver quem pode mais.
Para fazer uma analogia entre disputa política e xadrez, poderíamos dizer que o judiciário faz de tudo pra jogar como uma dama: quer executar o movimento que bem entender, na direção que bem lhe aprouver; quer dominar o jogo, coordenar a porra toda.
Por sua vez, o legislativo não quer abrir mão de sua magnitude no jogo político. O parlamento anda mais pra cavalo no xadrez de Brasília; de tiro curto embora, ao contrário das demais peças, tenha a prerrogativa de se movimentar em L e assim cortar atalhos e passar por cima de outras figuras do tabuleiro. Ainda assim o cavalo pode ser a melhor pedra a se movimentar pra iniciar o jogo no ataque, mas não será decisivo quanto uma torre ou a própria dama. A torre ao menos pode cumprir a função tática do roque para blindar seu rei do xeque. E deputados e senadores desejam continuar a determinar o mate, como no processo do impeachment, onde orquestraram toda o jogo sujo para o imperialismo e o setor financeiro, para só contar com o STF como chancela, mera formalidade jurídica do processo.
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