Sabe quando a gente gosta muito de um filme e assiste várias vezes? Eu adoro ver bons filmes. Assisto umas 10 vezes sem me importar. Com os filmes ruins eu não tenho paciência. Mas os bons, ah, os bons eu assisto mesmo! É um deleite rever um bom filme. Essa semana tava zapeando na tv e vi que tava passando Pixote no Canal Brasil. Me detive ali na frente da tela pra saboreá-lo novamente.
Pixote é um excelente filme, cativante, sensível, extremamente bem feito, com uma ótima trilha sonora, atores muito bons. Tava vendo o filme e me lembrando que ano passado morreu seu diretor, Hector Babenco, e duas atrizes, Marília Pêra e Elke Maravilha. Os três, extremamente talentosos, deixam saudades.
Esse filme Pixote foi lançado em 1981. Tem tempo, hein. Eu não era nem nascido. O longa entrou pra história do cinema nacional. É de um tempo em que o cinema brasileiro não andava muito bem das pernas. A ditadura ainda não havia acabado e os cineastas sofriam terrivelmente com a censura. A moda da época era a pornochanchada, que nos últimos anos ganhou status de cult. Com o perdão da extrema sinceridade, julgo que não foi um interstício muito rentável para a sétima arte no Brasil. Eu já vi filmes bons dessa época, mas pouquíssimos. Em geral eram filmes tecnicamente muito aquém de alguma qualidade visual e sonora, de movimentos de câmera pouco criativos, com temáticas rasteiras, quase sempre apelando para indecorosos jargões do populacho
Depois da florescente fase do cinema novo, com Glauber Rocha a frente, uma maré infrutífera de filmes grosseiros, mal-gravados e pululantes em clichês, Pixote marcou época na esteira do cinema marginal, quando surgiu a efervescência dos temas sociais, que tratavam de marginalidade, crime, etc. Em 79 foram lançados dois ótimos filmes: Dona Flor e Seus Dois Maridos, de Bruno Barreto e Bye Bye Brasil, de Cacá Diegues. Cacá Diegues, aliás, é um dos poucos que se salvam nesse tenebroso período do cinema nacional dos anos 70.
Mas, retomando Pixote, cumpre pontuar que marcou época, abrindo em grande estilo um ciclo primoroso de nosso cinema. Do mesmo ano de Pixote é outro clássico do teatro brasileiro da época que ganhou projeção nas lentes de Leon Hirshman, o também tocante Eles Não Usam Black-tie. Outro grande filme. Se não assistiram, assistam!
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