A atual crise política brasileira, crise de representatividade, de corrupção sistêmica e institucionalizada, é a prova cabal de que só o advento de uma revolução socialista a implantar uma democracia direta em esquemas de conselhos populares seria capaz de livrar o país do peso secular que nos impede o pleno desenvolvimento de nossas capacidades.
O estado brasileiro, desde seu início, foi aparelhado por castas políticas que serviam a interesses externos, e nas poucas vezes em que se desenhou alguma autonomia foi submetido a golpes para que voltasse a satisfazer plenamente os desejos dos donos da situação, seja a metrópole portuguesa quando ainda éramos colônia ou os imperialismos britânico e norte-americano, este último interferindo em praticamente tudo o que se passou por aqui nos últimos três quartos de século. Estamos padecendo por uma estrutura secular de desigualdade e subdesenvolvimento, miséria e alienação. E a depender da classe política que temos, do judiciário servil às elites e da tacanha e nada nacional -desenvolvimentista burguesia que temos, permaneceremos estagnados, dependentes da flutuação do mercado internacional de commodities e amargando altos índices de desemprego, vulnerabilidade social, violência e todo tipo de mazelas comuns ao grave estágio de decadência ao qual estamos atirados desde sempre.
Aliado à frações da burguesia nacional e surfando na onda de um período mais promissor aos países emergentes, o PT cedeu migalhas em sua gestão presidencial e até antes da crise de 2008 chegar violenta ao Brasil, logrou ceder poder de compra à população, limitado a produtos específicos, verdade seja dita, mas algo inédito até então dentro das expectativas das parcelas mais carentes da sociedade, para logo em seguida retirar direito por direito conquistas sociais e trabalhistas. Por sua ligação com os sindicatos e movimentos populares e vítima de um preconceito com as elites que não o aceitaram apesar dos serviços prestados, o PT foi duramente apeado do poder para abrir caminho a uma camarilha abertamente pró - mercado financeiro e incumbida de passar todo tipo de retrocessos, uma agenda violentíssima de ataques aos trabalhadores e aos programas sociais, o que já tem jogado parcela considerável da população na miséria novamente e vetado importantes mecanismos de inclusão social que poderiam garantir alguma dignidade apesar da crise.
A experiência com o PT foi dura para o povo, que nutria esperança no partido e que o viu aderir ao carcomido esquema de poder baseado em alianças com o pior tipo de gente possível, ceder às chantagens, e, por fim, não resistir ao golpe, entregando o poder de bandeja aos contumazes estelionatários que agora se vêem à frente da situação. Tudo parece concorrer à conclusão que agora apontamos: não há diálogo possível com os poderosos, não há aliança razoável a estabelecer com eles. As duras atribulações a que fomos expostos nos levam a concluir que a solução é derrubar esses desgraçados de seus postos e assumir o poder, para que o próprio povo brasileiro, a frente da situação, faça por onde reordenar a economia de acordo com seus reais interesses, expropriando quem há séculos nos expropria e redistribuindo com justiça o que é fruto de nosso trabalho. Não há mais espaço para falsas alternativas, esperanças que não são nossas. Só o povo no poder vai fazer reforma agrária, vai estancar a sangria do pagamento da dívida pública e reverter verba para que os serviços públicos funcionem com excelência. A tarefa revolucionária no Brasil cabe à classe trabalhadora, e é exclusiva e inalienável.
O momento agora é de sistemática denúncia das arbitrariedades promovidas por esse desgoverno, ao mesmo tempo que apontamos para a necessidade de transição ao socialismo, com pautas de diminuição da jornada de trabalho e pleno emprego, salário mínimo vital com reajustes automáticos de acordo com a inflação, planos de obras públicas com controle operário, democratização da mídia e fim das polícias.
CRIAR PODER POPULAR!
Imagem de comício na Praça da Sé. Greve geral de 1917
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