Se o Brasil fosse um país sério, o Edir Macedo estaria preso e condenado à prisão perpétua, e o Aécio já teria sido deposto do cargo no senado e pego uns bons anos de cadeia. Mas não, aqui o regime burguês degenerado é tão descarado que esses e outros descalabros passam e a vida segue mais ou menos como se nada tivesse acontecido.
Falo isso por dois fatos que encontraram repercussão na mídia essa semana. O primeiro foi que a Igreja Universal completou 40 anos e um número grande de políticos e ministros de estado foram ao templo de Salomão puxar o saco dos magnatas enganadores de gente simplória. E o segundo fato foi o Aécio sendo salvo no conselho de ética do senado após ter o mandato restabelecido por decisão monocrática do ministro Marco Aurélio, do STF.
Resumo da ópera, os picaretas estão mais tranquilos do que nunca. O grande acordo nacional, com o Supremo, com tudo, como revelado no áudio vazado de Romero Jucá, estabeleceu no poder uma camarilha de golpistas usurpadores e mergulhou o país numa situação ainda mais desastrosa. Pois é, por pior que a situação esteja, sempre tem como piorar.
Outra nota da semana foi o cinismo de Temer, cinismo tão escandaloso que o mesmo, em viagem a Hamburgo, para a cúpula do G20, onde foi beijar as mãos dos chefetes imperialistas, respondeu a jornalistas que não há crise no Brasil. Vejam só a que ponto chegamos: três anos consecutivos de recessão, desemprego na casa dos 13%, a miséria social voltando à tona violentamente, e o crápula vem com uma conversa dessa! Disse aos jornalistas que a inflação está caindo.
Esqueceu de dizer que o cenário é de deflação, ou seja, os preços estão caindo porque não há consumo. O poder de compra do povo foi reduzido a níveis baixíssimos e a indústria é obrigada a reduzir os preços na tentativa de desaguar a produção. Os preços caem, mas os capitalistas não lucram como desejam e tendem a demitir trabalhadores pra enxugar gastos e manter alguma taxa de lucro.
Enquanto isso, a reforma trabalhista caminha no congresso nacional, a despeito da completa ilegitimidade do governo golpista e dos parlamentares comprados pela banca capitalista. E o trabalhador brasileiro se vê prestes a perder direitos historicamente conquistados na CLT, ao passo que a reforma da previdência também avança pra surrupiar direitos.
Ou seja, trabalhador no Brasil contribui com impostos e não recebe nunca a contrapartida em serviços básicos. Saúde, educação, moradia, tudo anda pela hora da morte. E por falar em morte, muitos chegarão lá sem aposentadoria, numa velhice de privações e dificuldades.
Metade do orçamento da união sendo drenado para a farra dos rentistas, uma bolha imobiliária sempre na iminência de arrebentar com a economia, juros escorchantes sobre o povo pra garantir os lucros exorbitantes dos banqueiros... Tudo isso e os capitalistas não se dão por satisfeitos!
A desigualdade social aumenta e a espoliação fica mais descarada. Situação extremamente delicada a do trabalhador brasileiro. O mesmo anda apático, desesperançoso com a burocracia sindical que não se mobiliza e que muitas vezes cede descaradamente aos patrões. Essa grave e desastrosa conjuntura exige intervenção firme da esquerda revolucionária, resoluto propósito das forças progressistas no sentido de oferecer aos trabalhadores uma educação contra - hegemônica e emancipatória. Porque não há como depositar esperança nas instituições falidas ou esperar reverter os atuais reveses por dentro do regime de poder que está colocado.
A classe trabalhadora necessita de uma direção capaz de apontar para um horizonte revolucionário e de articular uma incessante intervenção no campo da comunicação e da educação das massas. Porque o ensino público tem sido propositadamente desmantelado pelos gerentes de plantão do capitalismo putrefato, a imprensa burguesa investe covardemente contra nossa juventude, pavimentando o caminho da reação com desinformação, alienação, fetiches ideológicos da pós - modernidade e todo tipo de lixo disseminado pela indústria cultural.
O caminho da revolução passa inexoravelmente pelo combate claro e objetivo a essa imprensa venal e tudo que ela representa, denunciando sua íntima ligação ao capital especulativo.
Não é tempo de esmorecimento, apesar de tamanhas desgraças, e como nos querem fazer crer os ideólogos do lado de lá. A história não acabou. O tempo é de resistência e trabalho pesado de conscientização. E vamos à luta!
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