Um dia depois de conhecer Adelgício,
Me lembrava ainda zombeteiro do nome de gnomo
Achava que a figura simpática
Não merecia alcunha mais bisonha
E risonho me dava conta da rima com meretrício
Um dia depois de conhecer Adelgício, o poeta de feições contrastantes
Hércules Quasímodo de pele de
Nascituro e corpete de sertanejo miúdo,
Me lembrava satisfeito da comida repartida
Eu que prostituía alguma verve, numa montanha pop, faminto,
Aceitaria pão por instinto, e ganhei também um amigo
Foi um pôr-do-sol soberbo que trouxe consigo
A sorte de um singular encontro
Até as pedras se encontram, diria o matuto mineiro
E os malucos também, acrescentaria em tom jocoso e certeiro
No topo de um desfiladeiro, em escarpas
Artísticas pinceladas por mãos divinas
Ou em corredor de hospício, trecho
Comum a mochileiros outsiders
É mais ou menos isso que penso agora.
Foi o que pensei um dia depois de conhecer Adelgício
Poema em resposta a meu amigo Adel, que me tornou personagem de um poema seu. Segue o poema logo abaixo.
No dia em que conheci Mário Medina
Todas as fadas dormiam
Os lobos andavam aflitos com a
Novidade
Haviam dois pássaros de aço
Sobrevoando o Japão
Na América do Norte um corpo foi
Deixado na calçada
E no Ártico um esquimó contava uma
Lenda à família
No dia em que bebemos café em São
Tomé
O papa rezou solitário um disco de Pink
Floyd
Uma menina descobriu-se vegetariana na Rússia
Nesse dia, eu plantei uma cruz na
Mochila
E carreguei a paz no espelho da madrasta
Tudo isso ocorria, e ele, o Mário Medina,
Nem desconfiava como era conduzido o
Fio da narrativa
Adel Alves
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