A revolução sexual de décadas atrás transformou os comportamentos da juventude, e, muito embora qualquer revistinha teen aborde o assunto com objetividade e as escolas mesmas tratem da sexualidade como elemento natural da vida, em muitos círculos e cabeças o tema continua sendo tabu.
Fui conversar com amigas e amigos pra escrever esse artigo e pude constatar isso em muitas falas. Os mais religiosos temem a tentação do ato pecaminoso. Pode ser coisa do diabo. Os mais descolados de motivações transcendentais dizem tratar do assunto sem preconceitos e com naturalidade, mas as controvérsias inerentes ao assunto vão surgindo nos detalhes e ganhando contornos de fantasmas entranhados na cultura, de concepções de mundo que espelham no exercício da sexualidade auto-afirmações e estereótipos sociais, num jogo perverso de poder, regulando estima e autoestima.
Há quem veja a masturbação como liberdade do sujeito, que pode se dar ao luxo de abdicar de um companheiro para, sozinho, resolver a demanda instintiva de sua libido. E há quem pense na auto-excitação como extensão natural do desempenho sexual. Isso eu pude notar na fala de um amigo, que contou que entre homens se sente coagido a dizer que se masturba, para, segundo seu argumento, não ser tido como "viado".

Mas, enfim, a masturbação mental é estrutural nessa merda de sistema. Tal como o ato aqui em questão, infrutífero em termos de utilização e objetivo dos fluidos corporais, pelo menos do ponto de vista biológico da coisa, a cultura ocidental contemporânea é feita de desperdício absurdo de potencialidades. E isso em função da mediocridade estabelecida. Lógica utilitarista o nome disso. Subtrai-se a atividade criativa de Eros em favor de um princípio de desempenho sujeito à dinâmica opressora do capital. Marcuse em Eros e Civilização trata disso. Eu falo de punheta. Leiam o Marcuse.