quarta-feira, 12 de junho de 2019

VazaJato, Moro e golpismo / Algumas considerações sobre a crise política e um prognóstico para o próximo período

1- Um serviçal queimado não interessa aos EUA. Esse é o ponto. Tem que ver até quando o Moro se aguenta no cargo. Cada vazamento desses é uma balançada na cadeira de ministro dele.
Moro e a Lava Jato são peões diretamente controlados pelo departamento de estado americano. São agentes treinados para executar essa política. Desde há anos. Mas não há como serem blindados diante das verdades que vem à tona. Serão descartados por força das circunstâncias.

2- O Bolsonaro foi improvisado de última hora para assumir a presidência. Isso tem a ver com o esgotamento do PSDB. O PSDB sim é que sempre foi a primeira alternativa do imperialismo americano para terras tupiniquins. A extrema direita, nessa modalidade representada pelo bolsonarismo, por uma série de fatores, sobretudo pelo peso da crise econômica e pela tendência mundial, assumiu esse vácuo. A tendência é que Bolsonaro seja um dos primeiros a cair. A base social de Bolsonaro não parece suficiente para resistir à evolução dos acontecimentos.

3- Minha tese é a de que os mais garantidos à frente do golpismo são os militares e os Chicago boys.
Os militares tem a instituição como baluarte. Muito difícil mexer neles. Mas o imperialismo já conta com um oficialato neoliberal e reacionário. Não existem esquerdistas entre os generais de quatro estrelas.
E os Chicago boys também são revogáveis pelo imperialismo. Mas outros Chicago boys assumirão o posto. Nenhum economista com ares de keynesianismo está cotado para as altas instâncias da fazenda ou do banco central. Não por ora. Talvez daqui a alguns anos, depois da economia estar completamente quebrada e o patrimônio público entregue aos abutres.

4- Lava Jato, evangélicos e lunáticos do olavismo também estão sujeitos a dar passagem. São todos elementos muito descartáveis. Damares e Olavos são por demais caricatos; são fracos e sem solidez alguma.

5- Pelas próprias circunstâncias atuais, com um generalão na vice presidência, o impeachment é sim muito provável e previsível.
Mas o Mourão vai assumir dentro do formalismo democrático. Um golpe militar aberto seria uma política de ponta de lança e de alto risco, por atrair convulsões políticas. Não é algo descartado. Poderia acontecer. Não me lembro quem por esses dias falava de uma contra-revolução de prevenção. Mas parece não ser o caso. Pelo menos não por enquanto. A tendência é Mourão ser alçado à presidência na tentativa de estancar a sangria. Isso pode levar meses; talvez mais de um ano ou dois. Mas Bolsonaro não tem condições de chegar ao fim do mandato.

6- A questão mais importante aqui é saber em quais condições Mourão deverá assumir a presidência. Se as massas tomarem as ruas no próximo período, e se a classe trabalhadora tiver um papel decisivo na queda de Bolsonaro, Mourão assume acuado.
Se a queda de Bolsonaro for restrita a uma movimentação parlamentar, sem atuação significativa das massas, Mourão assume com ímpeto para seguir na aplicação do pacote de maldades que já está em curso.



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