sábado, 6 de setembro de 2025

Passagem de bastão Francisco - Leão


Breve nota sobre Leão 14 e Francisco 


Ouvi um boato sobre o papa ter nomeado bispo um padre integrante do grupo Courage, que é frequentemente acusado de praticar "tratamento de cura gay". Olha, nem quero entrar no mérito dessa discussão. Apenas vou pontuar que a acusação é grave e exige naturalmente que o grupo seja acompanhado pela Santa Sé para que não haja esse tipo de imprudência associada à igreja. A igreja tem obrigação moral de tratar seus fiéis com humanidade e acolhimento. 

Fiz uma breve pesquisa aqui e não encontrei nenhuma nomeação de bispo oriundo do Courage. Se alguém souber, me avisa. De todo modo, independente da confirmação ou não do boato, cabe aqui um comentário sobre a linha geral de atuação de Leão 14 nos seus primeiros meses de papado e o que deseja com seu comportamento.

Olha, gente, Leão 14 tá basicamente tentando se entender com todos os lados. Difícil. Mas tudo isso parece ter sido acordado no conclave, pra fazer diminuir os atritos no interior da igreja. Num momento de tamanha polarização ideológica, essa posição foi calculada pra evitar fraturas. Pode ser que evite mesmo, mas fica aberto o embate. O meio-campismo no Vaticano não vai fazer mudar a conjuntura mundial, o mundo tal qual ele se nos apresenta. Francisco ao menos tinha uma convicção de acolhimento radical. Ele incomodava os reacionários, que por sua vez se insubordinavam, mas Francisco agia com autoridade evangélica, movido por um espírito de profundo humanismo. E era reconhecido mundialmente por esses seus méritos.

Leão 14 muito dificilmente se destacará. Não tem comparação com Francisco. Francisco era muito ponto fora da curva. Um homem extremamente carismático e contundente. Leão 14 vai seguir discreto, tentando manter o equilíbrio, como se estivesse alheio às intrigas curiais; tendo conversações com os dois lados e fazendo o máximo esforço para manter a unidade da igreja. 

No entanto, tudo indica, apesar de sua postura meio-campista, que Leão é de fato uma pessoa muito humana e aberta ao diálogo. Nesse sentido escolheram um "homem ideal" para manter a igreja distante de movimentos cismáticos e manifestações públicas de dissenso. O duro é não ter nesse momento histórico a firmeza profundamente consciente e espiritual de um Francisco. Francisco era o cara. Homem notável, um líder religioso como poucos. Só Francisco para ter rompantes de acolhimento como os que tinha. Tudo bem que a abertura às questões do mundo moderno estão se dando paulatinamente, mas Francisco era disruptivo, escandalosamente acolhedor, como os santos e como o próprio Jesus.






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